Filós
Patrimônio cultural dos imigrantes italianos, o filó segue vivo em Forqueta
Os filós são uma tradição cultural trazida pelos imigrantes italianos que vem sendo cuidada e preservada em Forqueta. Na época em que eles estavam começando a sua vida por aqui, costumavam se reunir para curtirem os seus momentos de lazer. Conforme o artigo “Conhecimento científico entrelaçando prática sociocultural do filó e relações de hospitalidade: um estudo bibliográfico”, de Marcia Maria Capellano dos Santos e Samara Camilotto, nesses encontros, havia comida e bebida e eles conversavam sobre o cotidiano, cantavam, rezavam, praticavam jogos, faziam artesanato e vestimentas, construíam ferramentas. “Laços de hospitalidade concretizavam a prática como encontro de comunhão, celebração e trocas”, escrevem as autoras.
A realização dos filós, conforme o mesmo artigo, está relacionada também à geografia que eles encontraram quando chegaram por aqui. Com base em bibliografia, as autoras reforçam que a separação das colônias foi feita em lotes que tinham aproximadamente 25 hectares e, por isso, os imigrantes construíram as suas casas próximas às linhas, como eram chamados os caminhos estreitos que dividiam as terras. “Dessa forma, os italianos depararam-se com um novo modo de viver intracomunitário, tendo em conta que as residências vizinhas, antes muito próximas, passaram a distanciar-se em cerca de 300 metros. Por conta dessa distância entre as casas, o filó emergiu como prática de convivência”.
Eles geralmente aconteciam nos sábados às noite, já que no domingo não era necessário acordar cedo para trabalhar, e contavam com a presença de toda a família, inclusive jovens e crianças. Em grande parte das vezes, as pessoas se reuniam na cozinha da casa, um espaço que, até hoje, em casas de descendentes de italianos, é sinônimo de afeto e família reunida, outro legado dos colonos que aqui chegaram.
Espalhado por todas as áreas que foram colonizadas por italianos, o filó foi sendo mais ou menos preservado em cada um desses lugares. Forqueta tem a prática ainda viva e trabalha para que ela vá passando de geração em geração. Uma das principais iniciativas para isso é o Grupo de Filó Felice Personne.
Além desse grupo, a comunidade mantém também o projeto Foqueta Cultural, que trabalha pela preservação do filó. Na quinta edição, realizada em 2024, foram promovidos cinco encontros, um por mês, sempre no domingo, em cinco capelas diferentes. A comunidade se engaja por enxergar valor na preservação deste patrimônio cultural tão importante. No entanto, estamos no século XXI e, é claro, alguns costumes atuais passaram a fazer parte da festa, o que não impede que a tradição seja mantida. O importante, sempre, é que as pessoas encontrem momentos para o lazer e reunam-se para se divertir.
Este conteúdo integra o projeto Patrimônios, lendas e marcos de Caxias do Sul, financiado pela Lei Paulo Gustavo de Caxias do Sul.
Produção, organização e Curadoria: Marivania L. Sartoretto
Texto: Paula Valduga
Fotos: Marivania L. Sartoretto
Ano: 2025
Para creditar
SARTORETTO, Marivania L.; VALDUGA, Paula. Patrimônio cultural dos imigrantes italianos, o filó segue vivo em Forqueta. Caxias do Sul: Patrimônio, Marcos e Lendas / Lei Paulo Gustavo, 2025. Disponível em:https://www.guiadecaxiasdosul.com/turismo/patrimonios/patrimonios-e-lendas/filos
Referências
SANTOS, Marcia Cappellano dos. Laços sociais intracomunitários na prática sociocultural do filó doméstico. Métis história e cultura. Caxias do Sul: 19 de out. 2020. DOI:10.18226/22362762.v19.n.37.14. Disponível em:SANTOS, Marcia Cappellano dos. Laços sociais intracomunitários na prática sociocultural do filó doméstico. Métis história e cultura. Caxias do Sul: out. 2020. 19(37):361-386 DOI:10.18226/22362762.v19.n.37.14. Disponível em: LAÇOS SOCIAIS INTRACOMUNITÁRIOS NA PRÁTICA SOCIOCULTURAL DO FILÓ DOMÉSTICO | Request PDF Em 19 abr. 2025.
