Cooperativa Forqueta
Cooperativa Vitivinícola Forqueta: um marco na história do distrito
Muito se fala que grandes ideias ou ações nascem de problemas. Foi assim com a criação da Cooperativa Vitivinícola Forqueta, em 1929. Considerada a primeira cooperativa do segmento na América Latina, nasceu porque naquele ano, por conta da quebra da Bolsa de Valores de Nova York, produtores de uva de Caxias do Sul - muitos deles de Forqueta - não conseguiam vender a fruta, já que o mercado brasileiro sentiu os impactos. A isso se somava um grande excedente na produção e a crise do sistema capitalista. Para piorar a situação dos agricultores, que estavam acostumados a colher e entregar, não havia estrutura de armazenamento para acomodar o estoque.
Diante desse problema que resultaria em grandes prejuízos, 12 homens se reuniram em um porão e saíram de lá com a decisão de fundar uma cooperativa. Conforme uma publicação de Loraine Slomp Giron no jornal Folha de Forqueta, Joaquim Slomp, um comerciante da então chamada “Estação Forqueta” teve atuação decisiva na criação do sistema cooperativista. Um dos principais produtos vendidos por ele era o vinho, comprado por empresários. Conforme Giron, no dia 19 de abril de 1929, Slomp procurou por Arthur Perotoni, "que havia presidido a Cooperativa de Nova Vicenza e tinha boas relações com as autoridades estaduais e municipais”.
Esse foi o primeiro passo para a mobilização e resultou na fundação da cooperativa, em assembleia ocorrida no dia 11 de agosto de 1929 e registrada em uma emblemática fotografia. Ainda segundo a publicação de Giron, Perottoni foi o primeiro presidente e Slomp foi considerado o incentivador. Ele também emprestou o porão da sua casa comercial para funcionar como sede. "A partir do surgimento da cooperativa, foi possível estocar o produto em tonéis e vender conforme a necessidade do mercado. Antes disso, era preciso entregar logo ou fazer vinho e vender imediatamente”, conta Ildo Rosin, que está na cooperativa desde 1999.
Além de resolver aquele problema específico, a cooperativa ajudou a comunidade de Forqueta em muitos outros aspectos. Com ela, chegou também a tanoaria, um negócio paralelo e responsável pela produção dos barris em madeira de lei. Tanoeiros especializados, os tanques de água necessários para vergar a madeira e as cintas de metal eram próprios, assim como o moinho de trilho e milho Duque de Caxias, aberto em 24 de setembro de 1966. Toda essa estrutura pertencia aos associados, dando uma dimensão do quanto aquela ideia foi se desenvolvendo. Armazéns também fizeram parte dos negócios durante os momentos mais prósperos da cooperativa.
Atual sede da cooperativa e ao fundo em tijolos prédio do antigo moinho.
No auge do ciclo da uva e do vinho, a Cooperativa era uma grande impulsionadora de negócios, tanto de vinícolas maiores, quanto de agricultores que produziam e vendiam a uva. Loraine Slomp Giron é enfática ao afirmar que a Cooperativa cresceu muito nessa época. Porém, como costuma acontecer, os ciclos começam e terminam, e muitos desafios também fazem parte desta jornada. Parte do prédio próprio, que havia sido comprado em 1933, não é mais de propriedade dos associados, que ocupam uma área menor. Atualmente, a força da cooperativa não é a mesma dos tempos áureos, mas ela segue tendo uma grande importância para o setor vitivinícola. Entre os destaques da história recente, estão os produtos próprios, que incluem o chopp de vinho. Pioneira ao colocar esse item no mercado, a Cooperativa Vitivinícola Forqueta segue o seu legado e continua contribuindo com o mercado.
Este conteúdo integra o projeto Patrimônios, lendas e marcos de Caxias do Sul, financiado pela Lei Paulo Gustavo de Caxias do Sul.
Produção, organização e Curadoria: Marivania L. Sartoretto
Texto: Paula Valduga
Fotos: Marivania L. Sartoretto e acervo da Cooperativa
Ano: 2025
Para creditar
SARTORETTO, Marivania L.; VALDUGA, Paula. Cooperativa Vitivinícola Forqueta: um marco na história do distrito. Caxias do Sul: Patrimônio, Marcos e Lendas / Lei Paulo Gustavo, 2025. Disponível em: https://www.guiadecaxiasdosul.com/turismo/patrimonios/patrimonios-e-lendas/cooperativa-forqueta
Referências
GIRON, Loraine Slomp. 80 anos de lutas - 1929 - 2009: Cooperativa Forqueta e o cooperativismo viticinícola gaúcho. / Loraine Slomp Giron - Porto Alegre: Sescoop/RS, 2009.
Depoimento de Ildo Rosin
