Construção da Estrada Rio Branco
A construção da Estrada Rio Branco foi decisiva para o desenvolvimento de Caxias do Sul
A construção da Estrada Rio Branco foi determinante para o crescimento da 3ª Légua, e essa história começa em meados de 1870, quando foi decidido que esse importante caminho passaria por ali. Essa seria a ligação entre o Campo dos Bugres - nome do território onde hoje fica Caxias do Sul - e Nova Palmira, onde chegavam e de onde partiam os vapores que ligavam a região a Porto Alegre. Estar no caminho até o Rio Caí foi fundamental para o desenvolvimento da 3ª Légua. A região acabou sendo beneficiada porque, em 1876, foi sugestão de Feijó Júnior, a sede da colônia foi alterada de Nova Milano para onde fica o centro de Caxias do Sul.
Conforme Relatório da Província (1876 p. 17), entre fins de 1877 e setembro de 1878, foi feita a “exploração de uma pequena extensão da Estrada Rio Branco e a abertura do respectivo picadão”. Esse se tornaria o caminho mais curto entre São Sebastião do Caí e a nova sede da colônia e, até 1880, foi sendo feita a exploração da estrada, lentamente”. Para Sanocki (2002 p.68) descreve que no relatório de Manoel Barata Góes, (1883 nº 14) a construção propriamente dita começou em 1881, quando foram feitos seis quilômetros. No ano seguinte, mais 13. Em 1883, porém, o diretor da colônia escreveu que os 13 quilômetros feitos em 1882 “não são… construídos com arte, nem se prestam facilmente à rodagem”. No entanto, reforçou que os seis que haviam sido feitos antes estavam em bom estado.
Grupo de pessoas trabalhando na abertura de estrada na Colônia Caxias, atual município de Caxias do Sul. Trabalho desempenhado por diversas etnias. Data: [1885-1897] Autoria: não identificada. Foto: AHMJSA
A conforme descreve Sanocki (2002 p. 72), em base relatórios da Colônia da época, obra era realmente difícil de ser executada e, no começo de 1883, existiam somente 22 quilômetros concluídos, a partir de Caxias do Sul na direção de São Sebastião do Caí. A parte que faltava era mais plana, o que facilitava um pouco os trabalhos. As ferramentas usadas eram rudimentares e quem executava o trabalho, principalmente, eram que vivia nas imediações. Engenheiros e agrimensores definiam o traçado, e os moradores se muniam de foices e machados para cortar a mata.
Há um fato curioso em relação à mão-de-obra. Naquela época, no Brasil, apenas trabalhadores chamados de “nacionais" podiam atuar, porém, foi concedida uma autorização especial para que os imigrantes também participassem. A licença foi concedida no artigo 32 do regulamento da Inspetoria de Terras e Colonização, no dia 19 de janeiro de 1867. Porém, havia uma condição: eles só podiam trabalhar na estrada 15 dias por mês. Essa foi uma possibilidade que eles tiram de ampliar a sua renda no início da vida por aqui.
Essa obra tinha custos altos, especialmente pela natureza do terreno. Os fortes declives, as muitas pedras e o clima, que dificultava os trabalhos, fizeram com que a obra e a manutenção da Estrada Rio Branco se tornasse mais custosa do que acontecia em outras regiões do Brasil. Por conta de todas essas dificuldades, a estrada ficou pronta somente em 1888, conforme consta nos contratos. Todo o trabalho, porém, valeu muito a pena, porque ela foi decisiva para o desenvolvimento da 3ª Légua.
Este conteúdo integra o projeto Patrimônios, lendas e marcos de Caxias do Sul, financiado pela Lei Paulo Gustavo de Caxias do Sul.
Produção, organização e Curadoria: Marivania L. Sartoretto
Texto: Paula Valduga
Fotos: Marivania L. Sartoretto
Ano: 2025
Para creditar
SARTORETTO, Marivania L.; VALDUGA, Paula. Caxias do Sul: Patrimônio, Marcos e Lendas / Lei Paulo Gustavo, 2025. Disponível em: https://www.guiadecaxiasdosul.com/turismo/patrimonios/patrimonios-e-lendas/construcao-da-estrada-rio-branco
Referências
BRAMBATTI, Luiz E. Estrada Rio Branco O Caminho da Emancipação. Caxias do Sul, RS: Quatrilho Editorial, 2015. 160 p.
BRAMBATTI, Luiz E. Terceira Légua e a estrada do Imigrante. Porto Alegre: EST Edições, 2002.
SANOCKI, Márcia. A Importância da Estrada Rio Branco para o desenvolvimento da Colônia. In: BRAMBATTI, Luiz. (org) Roteiro de Turismo e Patrimônio Histórico. Porto Alegre: EST,2002. f. 45 - 135
ARTIGO 32, do regulamento da Inspetoria de Terras e Colonização, no dia 19 de janeiro de 1867. Rio Grande do Sul. Acervo Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul.
GÓES, Manoel Barata. Relatório nº14, 16 de março de 1883. Acervo: Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami, DIR 013 L.
ELATÓRIO, da Província, Porto Alegre:1876, p.17. Acervo: Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul.