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Casas Enxaimel

Entenda o processo construtivo das casas em estilo enxaimel, um legado dos alemães

Vila Cristina preserva casas construídas no sistema enxaimel 

As casas no sistema construtivo enxaimel são uma herança dos imigrantes alemães que ainda segue em pé em Vila Cristina, embora em um número muito menor do que em outros tempos. Conforme Lair Carlos Goldbeck, responsável pela preservação de uma delas, o trecho que fica entre a ponte sobre o Rio Caí e a Linha Sebastopol chegou a ter 21 casas desse tipo no passado. Atualmente, existem duas: a do trisavô dele e mais uma. Considerando toda a área compreendida entre as comunidades São José e Linha Pirajá, eram mais de 60 construções. “Chegou a ter 80 e hoje, desse total, temos umas 15, sendo que em oito ainda moram famílias”, detalha.

Além de ter um visual que chama a atenção, essas casas possuem também histórias interessantes relacionadas à sua construção. Lair conta que a do seu trisavô ficou pronta em 1872 e foram necessários oito anos para reunir e preparar toda a madeira necessária. O trabalho era todo feito à mão, com machado e serra, e não havia uma abundância do material. “Meu trisavô deixou toda a madeira pronta, numerada, e quando tinha tudo, foram necessários dois meses para montar”, complementa. Antes de ter a casa nova, ele vivia em um barraco localizado perto do rio, feito em madeira e amarrada com cipó.

Consciente da importância de preservar a casa no sistema enxaimel, a família de Lair sempre se preocupou com a manutenção. Já são mais de 150 anos de cuidados. “Em 1910, foram percebidos alguns problemas e o zinco foi trocado. Quando meu pai casou, em 1956, foi feita uma reforma e, em 2000, mais uma, porque a casa estava desgastada por fora”, detalha. Uma das principais características desse sistema de construção está no encaixe da madeira. Ela é toda presa sem o uso de pregos. No caso da residência da família Goldbeck, o trisavô de Lair preparou a madeira com machado e serrote, porque não havia ferramentas melhores. “Não tem emendas, ele serrava no tamanho e marcava cada um com numerais romanos”, acrescenta.

Os imigrantes tinha conhecimento de como construir dessa forma, a dificuldade encontrada na região de Vila Cristina, porém, era a matéria-prima. Conforme Lair, era raro encontrar madeira reta. “As estruturas eram muito reforçadas, feitas com madeira grossa, porque eles não sabiam que aqui não aconteciam terremotos como na Alemanha e tinham medo do fenômeno”, ressalta. Eram usados tijolos também, e o reboco era feito de barro e cal. Esse segundo material também era utilizado na pintura. Depois de prontas, além de servirem como moradias, elas viravam também as sedes dos kerbs, as tradicionais festas promovidas pelos imigrantes.

 

Segundo o portal Casas Enxaimel, essa técnica construtiva consiste em uma estrutura composta por madeiras encaixas tem seus vãos preenchidos com pedras, tijolos ou taipas. A origem dessa forma de construção, segundo o site, ainda é muito discutida, sem uma certeza absoluta. Há relatos de que surgiu na Itália, na Grécia ou na Turquia, há mais de cinco mil anos. Porém, o fato de existir também em outras várias regiões da Europa, incluindo a Inglaterra, não é possível determinar a sua origem exata. “O que está devidamente comprovado é o que enxaimel assim como nós o conhecemos tem origem na região da atual Alemanha no século 1 depois de Cristo”. O site escreve isso e cita como referência que “várias descobertas arqueológicas na última década, não só na Alemanha, mas também na Suíça, França e Áustria, revelaram e confirmaram essa nova data”.

Ainda conforme as informações do portal, foi considerado o momento em que essas casas deixaram de usar estacas enterradas no solo, optando por fundamento de pedra ou alvenaria, o que aconteceu por influência da ocupação romana na antiga Germania. A Alemanha é o país que tem o maior número de casas erguidas no sistema enxaimel, superando 2 milhões de exemplares e preservando unidades que acumulam mais de 800 anos. Por aqui, são poucas e com menos tempo de história, mas cabe a nós celebrar que há famílias preocupadas em manter vivo esse legado da imigração alemã.

 

Este conteúdo integra o projeto Patrimônios, lendas e marcos de Caxias do Sul, financiado pela Lei Paulo Gustavo de Caxias do Sul.

Produção, organização e Curadoria: Marivania L. Sartoretto

Texto: Paula Valduga

Fotos: Marivania L. Sartoretto e 

Ano: 2025

Para creditar

SARTORETTO, Marivania L.; VALDUGA, Paula. Vila Cristina preserva casas construídas no sistema enxaimel. Caxias do Sul: Patrimônio, Marcos e Lendas / Lei Paulo Gustavo, 2025. Disponível em: https://www.guiadecaxiasdosul.com/turismo/patrimonios/patrimonios-e-lendas/casas-enxaimel

REFERÊNCIAS

CASAS Enxaimel. Blumenau. Disponvíel em: https://casasenxaimel.com.br/ acessado em 25 abr. 2025.

Depoimento de Lair Carlos Goldbeck