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Instituto Hércules Galló inaugura Museu de Território: Caminho da História

Caminho da História, museu a céu aberto

Com 15 pontos para visitação

Projeto pioneiro no Rio Grande do Sul que objetiva valorizar e preservar o patrimônio cultural de Galópolis

O Caminho da História, projeto é o primeiro no Rio Grande do Sul com essa concepção. Tendo curadoria da pesquisadora e museóloga Tânia Maria Zardo Tonet e fruto de um extenso trabalho de pesquisa e resgate de fotos e informações históricas, o Museu de Território é um museu a céu aberto que compõe-se de 15 pontos do patrimônio cultural material e imaterial existentes em Galópolis. O objetivo é valorizar os bens culturais tangíveis e intangíveis da região, promovendo a sua preservação e o envolvimento e apropriação por parte da comunidade. Contou apoio da Lei de Incentivo à Cultura da Prefeitura de Caxias do Sul, patrocínio da FSG – Centro Universitário da Serra Gaúcha e iniciativa do Instituto Hércules Galló,


Alicerçado na trajetória e no legado do italiano Hércules Galló, pioneiro da indústria têxtil na Serra Gaúcha, o projeto iniciou com a musealização das duas casas onde o empreendedor e sua família viveram, inaugurados em 2015 e que compõem o marco inicial. Agora, serão entregues à comunidade os outros 14 pontos que integram o núcleo do museu a céu aberto. Os locais foram demarcados com totens explicativos que mapeiam o território, oportunizando a manutenção da história viva para ser contata por e para todos que ali moram e visitam.


A intenção da museóloga ao conceber o projeto foi trazer uma forma diferente e envolvente de transmitir esse resgate histórico, onde o foco não são objetos históricos e sim o território em si e toda a sua riqueza cultural. O conceito de museu de território, ainda pouco explorado na museologia no Brasil, tem como essência musealizar o território e territorializar o museu. A proposta é adepta à Nova Museologia que, diferentemente do conceito tradicional centrado num edifício, nas coleções e num público-alvo, amplia seu olhar para todo o patrimônio material e imaterial regional, passível de preservação e, acima de tudo, propõe um diálogo com a comunidade em que está inserido, numa lógica de inclusão e partilha. Seguindo o conceito do museólogo francês Hugues de Varine Bohan, o acervo abrange o patrimônio cultural e não a coleção, como tradicionalmente ocorre.


O Museu de Território foi baseado em um conceito muito inovador no Brasil, sendo talvez o primeiro museu a céu aberto do Brasil cuja comunidade da qual ele retrata tenha tido participação efetiva na eleição dos testemunhos históricos, tanto no que se refere a patrimônio edificado quanto ambiental, que ela considera realmente importante para si e que devesse passar pelo processo de musealização. 


Por que transformar Galópolis num museu a céu aberto


Galópolis constitui-se num cenário autêntico, um caso raro de uma comunidade inteira passível de preservação. Além disso, possui características curiosas, como o fato da implantação de um núcleo nitidamente urbano em um ambiente rural. Isto se deve ao processo de industrialização iniciado em 1894, quando jovens tecelões vindos da Itália fundaram o primeiro lanifício, nos moldes de uma cooperativa, após perceberem que a área não era propícia para a agricultura e que os dois rios do lugar possibilitariam a movimentação de máquinas e a geração de energia elétrica, além dos serviços de lavagem e tinturaria. Em 1903, Hércules Galló juntou-se ao grupo de empreendedores, assumindo o comando do lanifício e liderando ações que garantiriam à vila um significativo progresso, cujo ícone é a construção de uma vila operária, com casas, construídas lado a lado, que eram alugadas por valores simbólicos, garantindo a manutenção e atração de mão-de obra. A partir daí e, mesmo após a morte de Galló, a vida da comunidade gravitou em torno do Lanifício, a exemplo da Rheingantz, da cidade de Rio Grande, com modelo fabril trazido pelos fundadores Carlos Guilherme Rheingantz, Miguel Tito de Sá e Hermann Vater, que foi inspirado na Alemanha e em viagens efetuadas à Inglaterra da Revolução Industrial. Em homenagem a Galló, o povoado passou a denominar-se Galópolis, em 1914, com a criação do 5º Distrito de Caxias, pelo intendente José Penna de Moraes. Todo esse caminhar, expresso em testemunhos arquitetônicos, peças, fotografias, documentos e na memória de seus habitantes, está registrado no Museu de Território.


O museu constitui-se de marcos de testemunhos arquitetônicos e da paisagem natural, de modo a percorrer o processo histórico vivido pela comunidade de Galópolis. Seguindo os princípios museológicos que norteiam essa tipologia, o projeto foi discutido com a comunidade, em reuniões realizadas na Sala Multiuso do Instituto Hércules Galló. Os locais elencados são capazes de contextualizar a história da vila, em seus aspectos econômico, social, político e cultural. 
A musealização foi efetuada através da formação de dossiês, cujo registro serve de documentos fotográficos (reproduções de fotos antigas e fotos atuais) e pesquisa em documentos textuais. Não apenas os aspectos arquitetônicos foram alvo da investigação, mas o que os prédios abrigaram, as transformações porque passaram, as vivências que ali ocorreram, a memória dos prédios e de quem os utilizou, enquanto residência, estabelecimento industrial, entidade associativa ou institucional, templo religioso. Os dossiês integram o banco de dados do Museu de Território e constituem a base de informações para os totens, instalados em locais estratégicos, de domínio público, contendo uma síntese da história do local, ilustrados com imagens do passado e do presente. O projeto tem como propósito preservar um sítio histórico de grande relevância para a história econômica e sociocultural da região, não só do patrimônio material como também do ambiente, das pessoas, da fauna e flora existentes, que fazem parte da cultura local.

Os 15 pontos de patrimônio cultural do Museu de Território: O Caminho da História
01 -  Casas do Instituto Hercules Galló

02 - Cascata Véu de Noiva

03 - Árvore das Garças

04  - Armazém Basso

05 - Prédio Cooperativa de Consumo

06  - Círculo Operário

07 - Cinema

08 - Lanifício Cootegal

09 - Praça Duque de Caxias

10 - Vila Operária

11 - Igreja Nossa Senhora do Rosário de Pompéia

12 - Escola Ismael Chaves Barcelos

13 - Arroio Pinhal

14 - Casa Straghioto

15 - Prédio do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Fiação e Tecelagem

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O Instituto Hércules Galló
O Instituto Hércules Galló foi criado em 2011 com o propósito de ser tutor das residências restauradas e, entre outras funções, preservar a memória do personagem Hércules Galló e sua família para as futuras gerações; ser agente gerador de projetos culturais e educacionais utilizando incentivos fiscais municipais, estaduais e federais; ser pensante nas questões de preservação e atrações para as demais edificações situadas em Galópolis, bem como motivar a comunidade e Caxias do Sul a encontrar caminhos para atrair turismo cultural e de lazer à cidade. A intervenção nas casas foi concluída e apresentada à comunidade em novembro de 2012. Em 2013, um convênio entre o Instituto Hércules Galló e a Prefeitura de Caxias do Sul, através da Secretaria Municipal de Cultura, ampliou o acesso da comunidade, turistas e estudantes ao casario, aberto à visitação do público de terça a sábado, das 13h30min às 17h30min. Em novembro de 2015, foi entregue à comunidade a primeira etapa do Museu de Território, composta pelo Museu de Exposição e Ambiência instalado nas dependências das duas casas do Instituto. Site: www.herculesgallo.com.br