FAZENDA BERTUSSI - Fazenda histórica que conta a história da música Bertussi. A propriedade é particular oferece visitação guiada. Casa em anexo para pousos ou para passar temporada.
Cobrado taxa de visitação
A Casa Histórica Bertussi: um verdadeiro museu da música tradicionalista
Gilnei José Bertussi é o responsável por manter viva e acessível a todos a história musical da Família Bertussi. Os Irmãos Bertussi, Adelar e Honeyde, foram os que mais se destacaram, mas o talento para a música surgiu antes, com o pai deles, e segue com Gilnei, que também é músico. “O meu avô, Fioravante Bertussi, começou com a música e construiu essa fazenda, entre 1932 e 1935. Eu faço questão de manter como sempre foi, inclusive nunca mudo a cor da casa, permanece laranja, como ele escolheu”, conta.
Visitar a Casa Bertussi é viajar pelo tempo, ouvir histórias marcantes e ver objetos significativos. Dentro da casa, estão alguns objetos de Fioravante e da sua esposa, Juvelina, parte do acervo de Adelar, pai de Gilnei, e também dele próprio, que já trilha uma carreira na música há 40 anos. “Não é a história dos Irmãos Bertussi, mas da Família Bertussi”, reforça.
Um dos objetos destacados na visita guiada é um sofá muito antigo que estava em exposição na Festa da Uva de 1954. Por que ele tornou-se especial? Porque na visita à festa, o então presidente da República Getúlio Vargas sentou-se nele. “Getúlio e sua comitiva pararam para descansar no meio da visita e ele sentou-se nesse sofá. O meu avô prontamente o comprou, levou para a casa dele em Caxias do Sul, depois para Porto Alegre, quando viveu lá, e então para a fazenda”, detalha Gilnei, responsável pela casa ao lado de sua esposa, Sônia.
Outro momento alto é ver o quarto onde o icônico músico tradicionalista Teixeirinha se hospedou. “Ele ficou hospedado na fazenda, e as pessoas gostam de ver o quarto que ocupou na casa”. Falando sobre hóspedes, a visita também inclui registros da passagem do pernambucano Luiz Gonzaga, em setembro de 1964. "Nós temos um relato, uma frase que ele deixou escrita. O meu pai (Adelar) sempre conservou aquele registro, para mostrar aos visitantes, e, recentemente, encontrei uma reportagem de jornal que fala da visita dele a Bento Gonçalves. Luiz Gonzaga esteve na fazenda em 23 de setembro de 1964. Três dias antes, em Bento Gonçalves, recebeu um acordeón branco da marca Todeschini”, conta Gilnei. A reportagem também foi para a parede.
Praticamente um museu que retrata um recorte significativo da história da música tradicionalista, a Casa Histórica Bertussi recebe visitantes para uma visita guiada que leva entre 30 e 40 minutos e é conduzida por Sônia. Há, também, a possibilidade de conversar um pouco e até ouvir uma música tocada por Gilnei, se você chegar em um momento que ele esteja na casa e com agenda disponível, . Para fazer a visita, é preciso agendar.
Confira vídeo de Adelar, Gilnei e banda gravado na casa da fazenda em maio de 2015
História dos Irmão Bertussi
Honeyde Bertussi (São Francisco de Paula, 20 de fevereiro de 1923 — Porto Alegre, 4 de janeiro de 1996)
Adelar Bertussi (Caxias do Sul, 15 de fevereiro de 1933 – Campo Largo, 30 de setembro de 2017)
De família de músicos, em 1940, seu pai Fioravante Bertussi formou um grupo com seus quatro filhos para tocar em bailes e festas: Honeyde, tocava violão e acordeon, Walmor, clarinete e bateria, Wilson, clarinete e saxofone e Adelar, ainda menino, tocava cavaquinho, gaita de botão e pandeiro, aperfeiçoando-se mais tarde em acordeon.
Na década de 1950, Honeyde e Adelar se destacaram tocando e cantando e formaram a maior dupla gaúcha de todos os tempos, os Irmãos Bertussi.
Ele e seu irmão foram os pioneiros da música tradicionalista gaúcha e também foram o primeiro grupo a incluir a bateria em bailes, fato inédito, porque na época os artistas se apresentavam nos bailes com um pandeiro, uma gaita, um violão e um bumbo. Os dois irmãos formavam um dueto de acordeon, dando assim início à moda de baile com duas gaitas ao invés de uma só.
Hoje é referenciado como um símbolo do tradicionalismo gaúcho.
Com a morte de Honeyde, Adelar seguiu na música. Sua carreira de músico contou com mais de 70 anos de vida profissional. Entre LPs e CDs, possuiu mais de 50 discos gravados. Realizou mais de 6 mil apresentações entre bailes, shows e participações especiais no Brasil e exterior. Possuiu mais de 400 músicas gravadas incluindo folclóricas e regionais do sul, além de músicas populares brasileiras, internacionais e clássicos. Também escreveu métodos de acordeon que em parceria com o Maestro Waldir Teixeira, lançou o primeiro método “Som Bertussi” e na sequência o segundo volume intitulado “Som Bertussi – Som Maior”.