Paisagens do Tempo - Espaço de artesanato em Ana Rech
No centro do bairro, local oferece artesanato, produtos coloniais, alimentos e bebidas, objetos em vimes, artigos para decoração e presentes
Fácil deslocamento no bairro. Linha de ônibus Ana Rech e táxi-lotação Ana Rech fazem o trajeto do centro de Caxias até o bairro.
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Paisagens do Tempo mantém viva a história do artesanato em Ana Rech
A trama do vime foi o ponto de partida para o desenvolvimento do artesanato em Ana Rech e esse trabalho segue vivo até os dias de hoje com um apoio muito importante: a Associação Cultural Paisagens do Tempo. Formalizada em 1997, a entidade tem um papel fundamental na manutenção de algumas técnicas que estão perto de serem extintas. Aberta ao público como uma verdadeira vitrine do que se produz em Ana Rech, a Paisagens do Tempo comercializa produtos e também oferece o seu espaço alguns cursos.
Voltando um pouco no tempo, é importante reforçar que, na década de 1970, a produção de itens feitos com vime era tão grande na localidade, que passou a ter feiras exclusivas. Conforme Valter Susin, os eventos chegavam a eleger rainha e princesas e tiveram seu auge especialmente em 1974, 1975 e 1976. “Tínhamos várias fábricas de vime e a veia para o artesanato, que acabou se estendendo para a confecção dos presépios que deram origem ao Encanto de Natal”, completa ele.
Toda essa história segue viva, em parte, pelo trabalho da Paisagens do Tempo, que valoriza a produção manual. Fundada em 25 de março de 1997, a associação tem a divulgação do artesanato como principal objetivo. Cada artesão que faz parte paga uma contribuição mensal, como acontece nas associações, e deixa os seus produtos à venda na sede. A renda das vendas é repassada integralmente. Em 2024, a Paisagens do Tempo tem 63 associados, sendo 99% de Caxias do Sul. O lugar é aberto a artesãos de fora da cidade também, mas o número de integrantes ainda é pequeno.
A presidente, Vera Lucia Orlandi, afirma que um dos destaques da Paisagens do Tempo é a variedade de técnicas de artesanato que os visitantes encontram. “Temos cuias enfeitadas com itens manuais, colares, pano de prato, artigos de decoração, utensílios para comida, tudo feito de forma artesanal”, ressalta. Os itens em macramê estão entre os mais raros, já que essa forma de tecelagem vem se perdendo com o tempo. “Uma das senhoras que faz macramê e é nossa associada não está mais conseguindo tramar com tanta habilidade”, exemplifica Vera. Uma das formas encontradas pela associação para que essa e outras técnicas não se percam é abrir a casa para quem quiser ministrar oficinas e repassar a habilidade para as novas gerações. Outras manifestações culturais, como aulas de música, também encontram as portas abertas na Paisagens do Tempo, mesmo que os professores não sejam associados.
Entre essas formas de artesanato que as integrantes da diretoria da associação consideram mais raras, estão também o biscuit, o próprio crochê e o trabalho com madeira talhada. Porém, paralelamente às técnicas que estão sendo perdendo, acontece o surgimento das novas. Entre elas, a reciclagem é um dos destaques atuais. Usar produtos que seriam descartados é uma possibilidade de exercer a criatividade, produzir itens exclusivos e, é claro, contribuir com o meio ambiente.
Atualmente, há itens de todos esses tipos à venda na sede e, também, nas feiras que são realizadas todo o primeiro domingo do mês, na Rua Coberta. Essa é mais uma forma de divulgação do trabalho dos associados, assim como a participação em eventos maiores, como a Festa da Colheita e a Festa da Uva. A única condição para fazer parte dessa vitrine aberta pela Paisagens do Tempo é que o produto seja artesanal. “Não aceitamos nada industrializado”, reforça Vera.
As atividades da Paisagens do Tempo ainda incluem eventos como almoços e jantares festivos e rifas para arrecadar mais recursos. Todas as contribuições são usadas para manter viva uma cultura que vem se estendendo desde o início da história da localidade, quando o vime era usado para amarrar parreirais, foi para os cestos e deu início a uma tradição. O feito à mão faz parte da comunidade de Ana Rech e é muito valioso que exista um associação destinada a seguir escrevendo essa história e possibilitando que ela vá para longe. “Turistas ou pessoas que eram daqui, mas moram fora, fazem questão de levar um produto de Ana Rech quando passam por aqui e nós estamos abertos para que eles encontrem”, completa Vera.
A parte da história de Ana Rech está exposta nas prateleiras da Paisagens do Tempo. É só chegar!
Este conteúdo integra o projeto Patrimônios, lendas e marcos de Caxias do Sul, financiado pela Lei Paulo Gustavo de Caxias do Sul.
Produção, organização e Curadoria: Marivania Sartoretto
Texto: Paula Valduga
Fonte: Depoimento de associados
Fotos: Marivania Sartoretto