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Gruta da BR-116

Gruta da BR-116

Gruta da BR-116

Vista da Gruta. Foto Marivania Sartoretto

Para que um lugar se torne um ponto de fé e esperança, basta apenas que um grupo de pessoas o enxergue com energia e características diferentes. A crença de quem passa a frequentá-lo e recomendar a outras pessoas que peçam ajuda lá faz com que ele ganhe esse status de um lugar “sagrado”. Assim acontece com a Gruta de Nossa Senhora das Graças, na BR-116, em Ana Rech.

Tudo começou quando um grupo de guris, em 1910, conseguiu a proeza de chegar no alto de um perau. A intenção deles ao se propor a vencer uma subida tão difícil era ver as cachopas de abelhinhas selvagens que sabiam existir por lá. Porém, o que aconteceu mudou tudo. Ao chegarem, encontraram uma série de ninhos de corvos, e a surpresa foi ver que os filhotes dessas aves negras tinham penugem branca. Essa “diferença”, quando se usa o padrão normal para definir as coisas, foi o primeiro indicativo de que aquele era um lugar especial.

O tempo passou e, mais de três décadas depois, em 1943, a BR-116 foi aberta na rocha e criou um buraco que fazia com que a chuva caísse ali, e então o ponto ganhou o apelido de “Chuveiro”. Em 1949, já conhecendo aquele lugar que tinha história e esse buraco com água, a esposa do Dr. Virvi Ramos decidiu que colocaria ali uma imagem e o transformaria na Gruta de Nossa Senhora das Graças. Foi tudo feito sem formalidade ou grandes divulgações. No ano seguinte, porém, o seu esposo conseguiu que o então bispo da época, Dom José Barea, fosse até o lugar e desse uma bênção, transformando-o em um local sagrado.

 

Conforme o Livro Tombo, a cerimônia aconteceu da seguinte forma: “Com a bênção de S. Excla D. José Barea, foi inaugurada a Gruta de Nª Srª das Graças na Estrada Federal BR-116. Foram rezadas duas missas. Reuniram-se várias centenas de pessoas vindas de longe. Durante a missa, D. José, ajoelhado no chão, dirigiu o terço com grande edificação dos fiéis. Foram mais de cem as comunhões. A organização foi confiada ao Pe. Cornélio Tedesco, com o Dr. Virvi Ramos e o zelador da Estrada Federal, Sr. Zeferino Possamai. A finalidade é de incentivar a devoção a Nossa Senhora e, com as ofertas, auxiliar as vocações dos seminaristas Josefinos.”

O Livro Tombo também registra uma festa ocorrida em 11 de novembro de 1951 que, além da presença da comunidade, recebeu um grande número de caminhoneiros que buscavam a bênção da “Virgem Santíssima”. Desde o começo da adoração a esse lugar, andarilhos se protegiam de intempéries, o que podemos dizer que acontece até os dias de hoje. Da mesma forma, atualmente seguem os relatos de pessoas que vão até a gruta para pedir proteção e agradecer graças alcançadas. Muitos motoristas de caminhão, antes de seguirem viagem, costumavam parar na BR-116 para pedir proteção à “santinha da gruta” e então partir para a estrada rumo aos seus destinos. Essa tradição segue até hoje, e a Gruta de Nossa Senhora das Graças é mais um lugar onde muitos moradores de Caxias do Sul renovam a sua fé.

 

Este conteúdo integra o projeto Patrimônios, lendas e marcos de Caxias do Sul, financiado pela Lei Paulo Gustavo de Caxias do Sul.

Produção, organização e Curadoria: Marivania Sartoretto

Texto: Paula Valduga

Fonte: Livro Povo de Ana Rech e depoimento de moradores.

Fotos: Marivania Sartoretto