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Escavações arqueológicas em Caxias do Sul

Escavações arqueológicas em Caxias do Sul

Escavações arqueológicas em Caxias do Sul

Figura 1. Escavação em progresso na casa subterrânea B, do Sítio Vergani (RS37/127CXS), localizado em Água Azul, Santa Lucia do Piaí, entre abril e maio de 1967. Foto de Pedro Ignácio Schmitz. Acervo do Instituto Anchietano de Pesquisas.

É a dispersão dos diferentes tipos de vestígios, a pedra lascada, a cerâmica, as estruturas arquitetônicas que dão subsídios para que os cientistas afirmem que a presença humana se deu de uma forma ou outra em determinada região. Vestígios como esses são intensamente encontrados dentro das fronteiras de Caxias do Sul. Desde o vale do rio Caí, ao Sul, até o vale do Rio das Antas, ao Norte são encontradas diferentes zonas com grande concentração de vestígios que provam a longa duração da presença humana.

Figura 2. Imagem de satélite do Sítio Vergani (RS37/127 CXS) e Sítio RS 36/128 CXS, na localidade de Água Azul, Santa Lúcia do Piaí. Fonte: Corteletti, 2006.Caxias do Sul é pioneira nos estudos arqueológicos de casas subterrâneas no Brasil. No ano de 1962, a convite de Igor Chmyz, arqueólogo da Universidade Federal do Paraná, o arqueólogo canadense Alan Bryan esteve na região da Criúva e atestou que os vestígios daqui eram semelhantes aos encontrados na América do Norte. Nessa ocasião foram feitas pequenas escavações e registros na região do rio Lajeado Grande (Chymz 1965). Poucosanos depois, o Distrito de Santa Lúcia do Piai foi cenário das primeiras grandes escavações arqueológicas realizadas em casas subterrâneas no Brasil. Foi entre 1967 e 1971, em Água Azul, que começaram as pesquisas que criaram as bases para todo o conhecimento que hoje temos sobre os povos Jê do Sul e sua história. No sítio Vergani (RS37/127CXS) foram escavadas uma série de vestígios da arquitetura em terra. A escolha deste lugar para dar início a pesquisa arqueológica não foi à toa. Num capão de araucária de não mais de 160 mil metros quadrados foram registradas em torno de 40 casas subterrâneas e mais outros montículos – muito provavelmente resultantes da sobra de sedimento da escavação para construção das casas subterrâneas (Figura 2). Normalmente são registradas aldeias com uma a cinco casas juntas. Quarenta é um número muito significativo e, portanto, fez com que os pesquisadores se interessassem por tal local já na década de 1960.

Além do Sitio Vergani, outros poucos sítios arqueológicos foram escavados em Caxias do Sul em fins dos anos 1960. As pesquisas que ocorreram provam que a ocupação começou por nessa região a pelo menos 1600 anos, onde hoje está o Distrito de Vila Seca. Lá naquela região, no Sítio Alves de Araújo (RS40CXS), em 1966, foi coletado material para análise de datação radiocarbono (Carbono 14) que revelou a data de, aproximadamente, 430 dC para uma casa subterrânea. As datações obtidas para o Sítio Vergani mostram que ele foi ocupado por pelo menos 800 anos, entre o ano 470 dC e o ano 1320 dC (Figura 3). Depois destes dois lugares, no tempo, aparece um sítio de casas subterrâneas próximo a atual Barragem do Faxinal, Sítio Brügger (RS68/120CXS), que foi datado para o ano 1330 dC (Corteletti, 2008).Décadas depois foram realizadas escavações numa casa subterrânea em Vila Seca, em função do licenciamento ambiental da Barragem do Arroio Marrecas, mas infelizmente não foram realizadas datações de radiocarbono (Schneider et al., 2014).

Figura 3. Escavação em progresso na casa subterrânea 9, do Sítio Vergani (RS37/127CXS), localizado em Água Azul, Santa Lucia do Piaí, entre abril e maio de 1967. Foto de Pedro Ignácio Schmitz. Acervo do Instituto Anchietano de Pesquisas.

 

Este conteúdo integra o projeto Patrimônios, lendas e marcos de Caxias do Sul, financiado pela Lei Paulo Gustavo de Caxias do Sul.

Produção, organização e Curadoria: Marivania Sartoretto

Texto produzido por: Rafael Corteletti Mestre em História e Doutor em Arqueologia

Revisão Texto: Paula Valduga

Referências

Chmyz, Igor. 1965. Prospecções arqueológicas no Vale do Rio das Antas, Rio Grande do Sul (Brasil). Acta Praehistorica V/VII (1961/1963). Buenos Aires: Centro Argentino de EstudiosPrehistóricos p. 35 – 52.

Corteletti, Rafael. (2006). Casas Subterrâneas em Caxias do Sul: Conservação, Distribuição e Implantação. Dissertação de Mestrado. UNISINOS. 216p.Disponível em http://dx.doi.org/10.13140/RG.2.2.24634.95689

Corteletti, Rafael. (2008). Patrimônio Arqueológico de Caxias do Sul. Ed. Nova Prova, Porto Alegre, 200p. Disponível em http://dx.doi.org/10.13140/RG.2.1.4097.5129

Schneider, Patrícia; Machado, Neli Teresinha Galarce; Wolf, Sidnei; Kreutz, Marcos Rogério; Fiegenbaum, Jones. Arqueologia do Arroio Marrecas - Caxias do Sul, Rs. Cadernos do LEPAARQ, Vol. Xi, N°22, 2014. Disponível em https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/lepaarq/article/view/3921