Arlindo Luiz Dallegrave Agricultor e Escritor
A paixão por histórias e a dedicação em registrar e guardar informações e trajetórias de famílias e da região resultou no livro da comunidade de Loreto.
Arlindo Dallegrave alia a agricultura à literatura para preservar a história de Loreto
Arlindo Dallegrave é um agricultor, como muitos que existem ali na localidade do Loreto, em Forqueta. Porém, agrega a essa atividade um título que não é comum às pessoas que trabalham com o cultivo da uva. Arlindo também é escritor. Pois é, o amor pela história da sua terra resultou na publicação de um livro. E não duvide que venham outros pela frente.
Tudo começou em 1985, quando se comemorava o centenário da imigração italiana na Serra Gaúcha. Arlindo reuniu cadernos e passou a anotar tudo que encontrou de informações a respeito da trajetória do Loreto e das pessoas que participaram dela. A ideia já era escrever um livro. “Eu sempre gostei de histórias, meu avô, meu pai e meus tios contavam o que havia acontecido e eu anotava, porque achava importante que esses relatos não se perdessem”, conta.
O tempo foi passando, e os cadernos, se acumulando. Até que, em 2007, ele decidiu revisar as anotação e colocar em prática a intenção de escrever um livro.
Arlindo tinha 67 anos de idade, e o primeiro passo foi fazer um curso de informática, para que as anotações feitas sempre à mão pudessem ser transferidas para um arquivo digital. “Eu comprei um computador, fiz o curso em 2007 e 2008, em turmas com alunos e também com professor particular. Tive também a ajuda da minha filha Claudia para organizar o livro. Começamos em 2009”, relata.
Três anos depois, chegou o dia do lançamento, que está marcado com detalhes na memória de Arlindo. “Fizemos um evento aqui no Loreto e eu dei 145 autógrafos, a comunidade inteira participou”, lembra. Depois veio a Feria do Livro, com mais uma hora autografando. O projeto foi apresentado para a Secretaria Municipal de Cultura, que o aprovou, e a publicação aconteceu pela editora do Maneco. O livro "Loreto: 135 anos de Luta e Trabalho” conta histórias que, se não estivessem registradas na obra de Arlindo Dallegrave, teriam muitas chances de se perderem para sempre. “Reuni relatos de fatos que aconteceram aqui desde o começo da imigração e também me baseei em informações publicadas em 10 livros”, detalha o autor.
Sobre aliar a agricultura com a escrita, Arlindo conta que foi algo que acabou acontecendo naturalmente, já que ele sempre gostou de ouvir e registrar as histórias que escutava. Ele estudou até a quarta série primária (atual Ensino Fundamental) e depois disso ficou direto na propriedade para ajudar a família no cultivo da uva, atividade que mantém até hoje, junto com a esposa, Terezinha Dalla Rosa Dallegrave.
As histórias escritas por Arlindo, porém, não estão apenas nessa obra. Ele tem quatro publicadas em um livro editado na Itália a partir de textos de 20 autores brasileiros. Também publicou 57 artigos no então Correio Rio-grandense. “Eu tenho 123 histórias escritas que não foram para o livro e 11 textos sobre as lendas do sanguanel. Estou revisando e buscando patrocínios, porque quero escrever mais livros”. Aos 84 anos (em 2023), Arlindo não pretende parar, para a sorte da comunidade do Loreto. Que venham os próximos!