Antiga Vinícola Luiz Antunes
Cantina Antunes contribuiu para a trajetória da vitivinicultura caxiense
A história e a tradição de Caxias do Sul com a vitivinicultura passam, sem dúvidas, pela Cantina Antunes e pelo seu fundador, Armando Luiz Antunes. Aconselhado pelo pai, o português Luiz Antunes, ele veio para a cidade por volta de 1910 para abrir uma filial da vinícola que já existia em Porto Alegre desde 1865. Relatos apontam que o tradicional pórtico da Quinta São Luiz - derrubado por um caminhão-guincho em 2012 e reconstruído algum tempo depois - foi erguido em 1913, dando uma ideia da época em que a história começou por aqui.
Armando era o que se chamava na época de químico prático. Ele também tinha especialização em vitivinicultura e foi o responsável pelo sucesso da Cantina Antunes na Serra Gaúcha. Os melhores anos do negócio foram vividos entre 1930 e 1950, quando Caxias do Sul ganhou um imenso impulso para se transformar na principal fornecedora de vinho da região. Foi nessa época, também, que Armando construiu o casarão onde passou a viver com a esposa, Jandira Neves, e criou as filhas, Noêmia, as gêmeas Ilka e Ilza, e Nilza. Todos os prédios faziam parte do complexo instalado na Quinta São Luiz, nome que foi levado para o atual empreendimento que ocupa parte da área.
Conforme publicado no site da Casa das Etnias, referenciando a página Caxias do Sul - Fotos Antigas, do Facebook, o casarão onde Armando vivia com a família tinha um mural de azulejos que decorava a varanda. Assinado por J. Felizardo, o painel reproduzia a fachada com a seguinte mensagem: “Quem nesta casa chegar trazendo a sua amizade, quando partir vai deixar uma sentida saudade.” O mural acabou se perdendo nas reformas pelas quais a casa passou.
Todo esse complexo existente na Quinta São Luiz foi rentável até a década de 1980, quando os trabalhos pararam. Nesse meio tempo, os Antunes também atuaram com serviços de educação e recreação, chegando a criar o Colégio São Luiz, na década de 1930. O objetivo era atender aos filhos dos funcionários, e a escola também deixou os seus marcos na trajetória de Caxias do Sul. Acabou fechando um pouco antes da vinícola.
A história, porém, seguiu e segue até hoje acontecendo naquela quinta. Em 1996, o complexo recebeu o Quinta Estação, uma casa noturna e microcervejaria que marcou a noite de Caxias do Sul. Com o tempo, foi mudando a sua vocação e acabou se transformando em um restaurante, no mesmo lugar. Quando o prédio foi demolido para dar espaço ao atual complexo Quinta São Luiz, o restaurante saiu dali, mas já programado para voltar quando a obra fosse concluída, o que se confirmou.
Nos prédios remanescentes da vinícola, a história segue sendo escrita pelo Centro de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho, pela União das Associações de Bairros (UAB) e pela Casa das Etnias. Essas duas últimas estão onde funcionavam o escritório e o laboratório da empresa, mantendo em pé paredes que guardam memórias importantes da vitivinicultura caxiense.
Fotografia: Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami e Casas Etnias
Fontes: Casa das Etnias e Jornal Pioneiro